- Estreia oficial da designação Classe S
- Veículos de alto luxo sempre estiveram no portfólio da Mercedes-Benz
- Acessórios, segurança e conforto em alto nível
Stuttgart – Em setembro de 1972, no Salão Internacional de Frankfurt, na Alemanha, a Mercedes-Benz apresentou não apenas uma nova geração de seu principal modelo de alto luxo, como também um novo nome. Os sedãs passaram a ser conhecidos oficialmente, a partir de então, como Mercedes-Benz Classe S. A designação 'S' para os modelos topo de linha da Mercedes-Benz já era usada desde 1949. Mas, a partir de 1972, o 'S' (não confundir com os carros sobrealimentados da década de 1920) passou a identificar uma completa família de automóveis. Em 1993, a nova nomenclatura foi estendida, incluindo outros carros da gama Mercedes-Benz, começando com a Classe C, Classe E e Classe G.
Muito antes da Classe S receber seu nome oficial, porém, a reputação da marca Mercedes-Benz por oferecer veículos de alta categoria com ênfase no luxo, conforto e segurança já estava firmemente estabelecida. A linha ancestral da Classe S teve início no período pós-guerra com o Mercedes-Benz 220 (W 187, de 1951 a 1954). Antes da Segunda Guerra Mundial, ela inclui uma herança ininterrupta de várias séries de modelos que foram desenvolvidos paralelamente, datando da origem da marca Mercedes, no início do século 20. Um exemplo é o cativante Mercedes-Simplex 60 hp, lançado em 1903. O modelo, então topo de linha, hoje é um dos mais importantes exibidos na coleção da Mercedes-Benz Classic. O elegante e luxuoso touring sedan de 1904 foi propriedade pessoal de Emil Jellinek, personagem chave da história da marca, que surgiu como uma homenagem à filha do empresário.
Série 116 - uma linha completa
A série de modelos 116 substituiu as séries W 108/109 e, inicialmente, compreendia três modelos: o 280 S, o 280 SE e o 350 SE. Os modelos 280 S e 280 SE utilizavam o motor M 110 com seis cilindros e dois eixos de comando de válvulas no cabeçote que estreou no W 114. Um motor V8 M 116 movimentava o 350 SE que, seis meses mais tarde, foi seguido pelo 450 SE, com seu V8 4,5 litros M 117, um motor maior. O 450 SEL e o 350 SEL apareceram em 1973, com distância entre-eixos 100 milímetros maior. Esse espaço adicional serviu para aumentar o espaço para as pernas na parte traseira. A versão com maior distância entre os eixos foi lançada em abril de 1974 como o 280 SEL.
Detalhes exclusivos, grandes inovações
Uma notável inovação da engenharia apresentada pela primeira vez como equipamento original da série 116 foi a suspensão dianteira independente com braços duplos em V (double-wishbone) com comportamento neutro nas curvas e controle antimergulho, como a experimentada no protótipo C 111. Isto melhorou muito o comportamento do veículo e, assim, representou um avanço significativo na segurança ativa. A suspensão traseira dos modelos com motores 2,8 e 3,5 litros era mais ou menos a mesma que havia sido comprovada por muitos anos de uso nos modelos W 114/115 "Stroke Eight” e que também tinha sido usada no 350 SL desde 1971. Os modelos 4,5 litros eram equipados com um eixo "coupled-link" - uma versão especial do eixo oscilante que impedia que a traseira do veículo afundasse nas arrancadas e acelerações.
Em termos de segurança passiva, também, o Classe S, com seu conceito de segurança integrada, estava na vanguarda da engenharia. O tanque de combustível, por exemplo, não ficava mais posicionado na traseira, mas sobre o eixo posterior, protegido contra colisões. No interior, o máximo de proteção era proporcionado pelo painel estofado, botões e alavancas protegidos ou embutidos e um volante de segurança com quatro raios com absorvedor de impactos e um amplo cubo almofadado. O avanço mais importante em relação à série anterior era a célula de passageiros, ainda mais forte, com a moldura do teto reforçada, teto rígido, colunas das portas de alta resistência e portas reforçadas. O controle da deformação das extremidades dianteira e traseira do carro possibilitou melhorar muito a absorção de energia nas zonas de impacto.
Defletores de vento especiais nas colunas dianteiras garantiam a boa visibilidade. Na chuva, eles serviam como canais para a água suja, mantendo as janelas laterais sempre limpas. Outros itens de segurança incluíam lanternas envolventes, amplamente visíveis mesmo dos lados do carro, e lanternas traseiras avantajadas, cuja superfície estriada oferecia excelente resistência ao acúmulo de sujeira.
Novo modelo de topo: o 450 SEL 6.9
Em maio de 1975, a Mercedes-Benz apresentou o 450 SEL 6.9 - novo modelo topo de linha da série e digno sucessor do espetacular sedã de alto desempenho 300 SEL 6.3 (W 109). O poderoso motor V8 com 6,9 litros, desenvolvido a partir do consagrado 6,3 litros que equipava o modelo anterior, alcançava 210 kW (286 cv) e torque máximo de 56 kgm (549 Nm). A suspensão hidropneumática autoajustável - apresentada pela primeira vez em um carro de passageiros da Mercedes-Benz - garantia o máximo em conforto de rodagem. Outros itens de série nesse modelo topo de linha eram o sistema de travamento central, ar-condicionado e limpadores de faróis. Como no caso de seu antecessor, o 450 SEL 6.9 obteve sucesso imediato: mesmo custando mais que o dobro do 350 SE, um total de 7.380 unidades foram fabricadas durante seus quatro anos e meio de produção.
O 300 SD: um diesel na categoria luxo
Em maio de 1978, a gama de modelos da série 116 aumentou ainda mais. A última adição à família, o 300 SD, atraiu quase tanta atenção entre os conhecedores como o 450 SEL 6.9 havia merecido três anos antes, apesar de sua posição muito diferente no tocante ao desempenho. Inédito na história dessa categoria de veículos, o novo Classe S era movimentado por um motor diesel, transformando-se em um pioneiro muito à frente de sua época. A unidade de cinco cilindros e três litros, que havia obtido tanto sucesso no modelo intermediário 240 D 3.0 (80 cv / 59 kW), recebeu um turbocompressor para sua nova missão na Classe S que aumentou sua potência para 85 kW (115 cv).
O desenvolvimento dessa variante inusitada do Classe S, disponível apenas nos Estados Unidos e Canadá, foi uma resposta aos padrões de consumo de combustível que haviam sido recentemente introduzidos pelo governo americano. O fator crítico para seu lançamento foi a "Corporate Average Fuel Economy" (Economia Média por Empresa), uma invenção do governo Carter, que levava em conta a média de consumo de combustível de todos os veículos de passageiros de cada fabricante. Expandindo a linha com a inclusão de modelos a diesel, tradicionalmente mais econômicos, foi possível baixar a média de consumo da frota abaixo do limite legal.
Freios e direção: ABS - uma inovação global
O sistema ABS antibloqueio de freios, uma inovação da engenharia que abriu caminhos no futuro, foi oferecida com exclusividade mundial nos sedãs da Classe S (série 116) a partir do outono de 1978. Desenvolvido em colaboração com a Bosch, o ABS assegura que o veículo continue respondendo integralmente ao comando do volante, mesmo durante frenagens de emergência, contribuindo assim de forma vital para a segurança ativa dos automóveis. O lançamento do ABS no mercado foi uma notícia sensacional para a época. Hoje, ele está presentes em todas as categorias de carros e já é disponibilizado para automóveis pequenos há muitos anos.
Classe S com proteção especial
Segurança adicional passou a ser oferecida na versão blindada da série de modelos 116. A tecnologia existente passou por várias melhorias, baseada na experiência adquirida durante o desenvolvimento do 280 SEL 3.5 (W 108) blindado. Considerando os modelos com motores de oito cilindros - 350 SE, 350 SEL, 450 SE e 450 SEL - um total de 292 unidades de automóveis Mercedes-Benz foram produzidas com blindagem para um seleto grupo de clientes, entre eles muitas instituições estatais na Europa e em outros continentes.
Vendas: 473.035 sedãs da série 116
Os sucessores da primeira série da Classe S - a série de modelos 126 - foram apresentados em setembro de 1979 no Salão Internacional do Automóvel em Frankfurt, na Alemanha. A produção dos vários modelos da série 116 foi gradualmente reduzida entre abril e setembro de 1980. Das 473.035 unidades produzidas desta série de modelos, o último veículo a passar pela inspeção final na fábrica de Sindelfingen foi um 300 SD. O modelo de maior sucesso da série foi o sedã 280 SE (150.593 unidades), enquanto o 350 SEL vendeu 4.266 unidades. O 300 SD, feito para o mercado norte-americano, teve um total de 28.634 unidades comercializadas.
A nova série de modelos estabeleceu novos parâmetros no segmento de carros de luxo desde seu lançamento e seu nome também tornou-se um sucesso instantâneo - chegando a transcender seu impacto no mundo automotivo. A expressão Classe S logo passou a ter o significado de um abrangente superlativo: qualquer coisa descrita como "o Classe S de sua área" era considerada a melhor das melhores. Outra grande conquista da Mercedes-Benz.
Você sabia...?
No Goodwood Revival (reunião de carros de corrida clássicos realizada na Inglaterra), entre 14 e 16 de setembro deste ano, a Mercedes-Benz Classic será representada por cinco "Flechas de Prata" originais da década de 1930. No encontro haverá uma corrida simulada entre esses carros e os correspondentes da Auto Union, que será o maior encontro de "Flechas de Prata" - carros que representaram a Alemanha nos campeonatos de Grand-Prix - categoria que deu origem à Fórmula 1 após 1950 - realizada em muitas décadas.